O mundo inteiro, ou quase, ficou pasmado com o discurso de Putin no passado dia 9 deste mês. Estamos em presença de um fenómeno perfeitamente identificável com o estalinismo. Um certo fundo filosófico, infelizmente já bem antigo e deformado de forma monstruosa por Estaline, foi novamente resgatado das profundezas do antigo regime soviético. A tradição literária russa fazia, com efeito, do diabo personagem indomável que nunca é mencionado mas que na sombra fornecia a chave para a resolução e compreensão da trama do romance. Gogol, antes da sua conversão, não deixou de interessar pelo tema com o seu indiscutível génio. Dostoievski disse-o de forma magistral, procurando através da via da mentira monstruosa a voz da verdade. 9 de maio em Moscovo, flanqueado pelo seu Estado Maior de múmias brejnevianas Putin justifica o injustificável (tradução da legenda) Quando a mentira se torna desconcertante, não apenas se trata os interlocutores de imbecis e se tenta humilhá-los, como a predispos
Conta Stefan Zweig no seu livro O Mundo de Ontem - Recordações de um Europeu, a páginas 248 que certa altura encontrou em Viena Berta Von Suther, nascida no seio de uma das melhores famílias aristocráticas, e que a mesma lhe narrou os horrores da guerra de 1866 (Guerra Austro-Prussiana), na sua meninice, no palácio dos seus antepassados na Boémia. Estava-se na época em 1910 e os tambores de guerra já rufavam novamente. Com a paixão de uma Florence Nightindale, só tinha uma única missão na sua vida: impedir uma nova guerra, impedi-la a qualquer custo que fosse. Escreveu um romance Die Waffen Nieder (Abaixo as Armas), que foi um êxito mundial. Berta Von Suther organizou conferências, concentrações pacíficas e a coroa da glória da sua vida foi ter acordado a consciência de Alfred Nobel, o inventor da dinamite, levando-o a criar o prémio Nobel da Paz e para o entendimento internacional, como reparação do mal causado pela sua descoberta.