Onze dias após a implantação da república, Ramalho Ortigão escrevia a Teófilo Braga: « Nada, em política, me é mais profundamente antipático do que o votismo e o parlamentarismo, que eu considero os destruidores agentes da capacidade administrativa .» Não será necessário aqui transcrever as palavras de justa e viva ironia com que Eça de Queiróz mimoseou o regime da urna e do voto. Os partidos (actual partidocracia e não democracia) são extremamente simpáticos aos teóricos da democracia pura, por serem considerados factores de divisão, e incompatíveis com a unidade e a homogeneidade da nação, que no fundo é o que lhes interessa. Dividir para reinar. Qualquer eleito de qualquer democracia de votos na urna (é ver o pleonasmo que esta última palavra encerra) é obrigado a ludibriar as massas, servindo uma multidão de interesses particulares, os quais, quase sempre, se opõem ao interesse da nação. O ludibrio das massas faz parte do ideário...
Conservador no melhor do que tem o tema, herdeiro de Loecke e admirador confesso de Burke. Anti-comunista e anti-socialista, acredito no porvir e na verdade do mundo, bem diversa do que oficialmente admitida.