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A mostrar mensagens de abril 23, 2023

A quem serviu e serve o 25 de abril?

 Esta pergunta feita assim desta forma poderá indiciar a muitos leitores que foi e sou contra a data, ou melhor, contra a efeméride. Não é bem assim, nem essa é a minha intenção, mas também não lhe tenho grande amor nem lhe dou o valor que muitos querem fazer crer que tem, não significando isto que seja salazarista. Diz-se por aí que foi o dia em que os portugueses puderam passar a dispor de liberdade. Mas, ¿o que é a liberdade? É que são muito poucas as pessoas que dão uma resposta coerente e séria sobre o tema. Liberdade tem de ser muito mais do que poder fazer isto e aquilo, ir ali ou acolá, dizer o que nos der na real gana, opinar sobre os mais diversos temas e assuntos, etc, etc, etc A liberdade em si é tão antiga quanto a humanidade, existe desde sempre. O homem é livre quando pode dispor de si próprio. O livre-arbítrio humano compõe-se de liberdade. O próprio exercício do livre-arbítrio é um exercício de liberdade. Se o criador não quisesse fazer o homem livre não lhe teria dado

A homogeneidade dos espaços europeus e a uniformização dos preços

Durante muito tempo, ainda antes das revoluções francesa, americana e industrial, existiam três Europas; a do sul, a mais cara porque a mais desenvolvida, a de leste e a do norte, mais baratas e ainda por saturar. Estas diferenças têm sem dúvida a sua incidência demográfica, a sua incidência sobre o crescimento, incentivando uma rotação mais rápida dos produtos, dos capitais e dos transferts especulação-investimento. Esta questão afere-se facilmente, basta olhar para a geografia e o seu melhor de todos os indicadores, o trigo. Entre Valência, pólo peninsular do Mediterrâneo caro, e Lwow centro medieval da Polónia barata, a relação preço-prata do trigo, no decénio 1440-1449, mostra-nos uma proporção incrível de 1 para 7 (isto é, 6gr. a 43gr. de prata por hectolitro). No final do século XVI, quando o sul está em 400, o norte está em 76 e a Polónia em 25! Estes números podem, também, ajudar a explicar as subsequentes decadências dos impérios ibéricos e os subsequentes crescimentos das eco

Ainda a Revolução Inglesa

 As interrogações sobre a Revolução Inglesa são tantas que as respostas tanto dos economistas como as dos historiadores estão cheias de perspectivas antagónicas. Há quem defenda a complexidade pura e dura. Há quem pense que apenas três factores essenciais se debateram na questão propriamente dita: população, colheitas e comércio marítimo. O que em boa verdade me parece, a mim e a muitos outros, factores muito subvalorizados. Outros aspectos entram aqui na liça, como já abordado no post anterior.   Carlos I no cadafalso.   A questão do comércio colonial tem (teve) um factor altamente dinamizador: a Companhia das Índias Ocidentais e a América do Norte, que tiveram um papel preponderante de 1763 em diante, o que levaria Inglaterra a "arrancar" definitivamente em 1780, tomando a dianteira sobre todos os reinos europeus. A guerra da independência (americana) não lhe fez perder o mercado das antigas colónias, bem pelo contrário, havendo entre os dois mercados uma estreita dependên