Avançar para o conteúdo principal

Mensagens

A mostrar mensagens de maio 8, 2022

O herdeiro do estalinismo

 O mundo inteiro, ou quase, ficou pasmado com o discurso de Putin no passado dia 9 deste mês. Estamos em presença de um fenómeno perfeitamente identificável com o estalinismo. Um certo fundo filosófico, infelizmente já bem antigo e deformado de forma monstruosa por Estaline, foi novamente resgatado das profundezas do antigo regime soviético. A tradição literária russa fazia, com efeito, do diabo personagem indomável que nunca é mencionado mas que na sombra fornecia a chave para a resolução e compreensão da trama do romance. Gogol, antes da sua conversão, não deixou de interessar pelo tema com o seu indiscutível génio. Dostoievski disse-o de forma magistral, procurando através da via da mentira monstruosa a voz da verdade.     9 de maio em Moscovo, flanqueado pelo seu Estado Maior de múmias brejnevianas Putin justifica o injustificável (tradução da legenda) Quando a mentira se torna desconcertante, não apenas se trata os interlocutores de imbecis e se tenta humilhá-los, como a predispos

Stefan Zweig e os primórdios da 1ª Guerra Mundial

 Conta Stefan Zweig no seu livro O Mundo de Ontem - Recordações de um Europeu, a páginas 248 que certa altura encontrou em Viena Berta Von Suther, nascida no seio de uma das melhores famílias aristocráticas, e que a mesma lhe narrou os horrores da guerra de 1866 (Guerra Austro-Prussiana), na sua meninice, no palácio dos seus antepassados na Boémia. Estava-se na época em 1910 e os tambores de guerra já rufavam novamente. Com a paixão de uma Florence Nightindale, só tinha uma única missão na sua vida: impedir uma nova guerra, impedi-la a qualquer custo que fosse. Escreveu um romance Die Waffen Nieder (Abaixo as Armas), que foi um êxito mundial. Berta Von Suther organizou conferências, concentrações pacíficas e a coroa da glória da sua vida foi ter acordado a consciência de Alfred Nobel, o inventor da dinamite, levando-o a criar o prémio Nobel da Paz e para o entendimento internacional, como reparação do mal causado pela sua descoberta.

A Noção de "cultura de massas"

 Contrariamente à cultura propriamente dita a "cultura de massas" é muito mais personalista e individualista, revelando, por vezes, aspectos bem característicos de alienação e de complexos de superioridade e até mesmo de inferioridade. A cultura de massas desenvolveu-se muito a partir de 1960. Não surpreende que assim fosse pois, é uma cultura que obedece a padrões típicos dos meios de produção industrial em massa ou em série. À produção em massa necessário se mostrou haver consumo em massa; modas, tendências, marcas, mimetismos com a respectiva publicitação pelos meios de comunicação igualmente de massas. Os critérios de rendimento e rendibilidade sobre a produção cultural também ajudaram ao aparecimento da cultura de massas. O problema aqui, como em tudo, resume-se à forma como as coisas são apreendidas e entendidas. É certo que existe uma uniformização da mensagem mediática, mas não é certo que exista uma uniformização da recepção da mensagem mediática. Isto é, não se pode

A noção de cultura

 Houve um momento, ou até vários, em que a percepção da «cultura» começou a ser formulada pelo pensamento. A «cultura» sempre existiu, mas originalmente não era pensada e questionada como tal. Não havia necessidade de a explicitar ou justificar. A palavra «cultura» propriamente dita, desde sempre esteve sujeita aos diversos contextos dos diversificados significados que a palavra foi adquirindo. No início do século XVIII, o termo « Culture » é já antigo no vocabulário francês, originando-se do latim Cultura, que se referia aos cuidados agrícolas, como os campos e o gado. No final deste mesmo século o termo remete para uma parcela de terra cultivada. Já no século XVI o termo tinha tomado um sentido figurado, mas apenas no século XVIII se impõe definitivamente. Nos dicionários surge quase sempre acompanhado de um 2º termo que o determina: «cultura das artes», «cultura das letras», «cultura científica», etc. Aos poucos a palavra desembaraça-se dos termos que a determinam, sendo usada isola