Nos meandros da política portuguesa, em especial, nos sectores esquerdistas, anda-se a mentir descaradamente ao povo português - na sua maioria, inculto e desconhecedor da história - dizendo-lhes que a 25 de Abril de 1974 foi derrubado o regime conhecido como "Estado Novo" de índole fascista e configurando uma ditadura, ao mesmo tempo, que o seu líder máximo, António de Oliveira Salazar era deposto. A guerra do Ultramar estava perdida e havia que negociar a paz e a independência dos territórios. Há aqui uma série de equívocos e mentiras.
Primeiro: aquando do 25 de Abril propriamente dito, já não existia "Estado Novo". Esse, acabou em 1968, quando Salazar ficou doente e teve de entregar o governo a Marcelo Caetano.
Segundo: o regime do "Estado Novo" nunca, em rigor, foi fascista. Mas como rigor é palavra arredia do quotidiano português, confunde-se propositadamente um termo para manipular e enganar. Fascismo é uma "palavra mestra" utilizada por quem não tem argumentos válidos e não suporta o contraditório, servindo de "arma de arremesso" para ridicularizar e descredibilizar adversários. O "Estado Novo" era um autoritarismo corporativista que nada teve a ver, repito, em rigor, com o fascismo, fenómeno exclusivamente italiano.
Terceiro: Em Abril de 1974 já não existia Salazar, que deixou o poder em 1968 e faleceu passados dois anos, em 1970. Portanto, falar em Salazar para justificar a malfadada Revolução, é atirar areia para os olhos das pessoas.
Quarto: De modo algum a guerra ultramarina estava perdida. Isso foi um labéu utilizado pelos sectores comunistas como propaganda ideológica para facilitar as suas intenções. Leia-se a propósito o seguinte excerto, citando a Secretaria de Estado de Informação e Turismo (SETI), retirado do livro "25 de Abril: O Marxismo na Revolução" da autoria de Ruy Miguel:
Razões da Presença de Portugal no Ultramar
«Não nos é lícito abandonar os nossos irmãos radicados em terras do ultramar, sejam nativos delas, sejam da metrópole naturais, nem o esforço imenso que para as valorizar e para a promoção social das suas gentes lá penosamente se desenvolve, com êxitos, aliás, que num mundo mais equilibrado seriam motivo de congratulação e louvor.
O abandono não seria só sinal de cobardia: corresponderia também a condenar territórios hoje florescentes e pacíficos à desolação e turbulência. Não estamos a sustentar uma "guerra colonial" como a cada passo os inimigos de Portugal insinuam. Mas a defender a ordem, a harmonia social e o trabalho fecundo de territórios onde a grande massa da população mostra na vida quotidiana a sua determinação de permanecer portuguesa.»
A guerra ultramarina não estava perdida, é falso, e são muitas as personalidades que o afirmam. Não me vou deter mais aqui neste ponto. Quem quiser mais pormenores que investigue por si próprio.
Quinto: as verdadeiras intenções do 25 de Abril, foram, entregar as colónias ao domínio da União Soviética, instaurar uma ditadura comunista em Portugal - felizmente que o 25 de Novembro acabou com essa veleidade -, favorecer uma série de altas e médias patentes do exército e por último, de modo indirecto e não inicialmente previsível, instalar os ladrões no poder, ou seja, instalar um regime cleptocrata. Houveram outras motivações de menor importância que não interessam para o caso.
Agora, a pergunta que se impõe é a seguinte: o que ganhou Portugal com a Revolução? E outra ainda, o que ganharam os portugueses com a Revolução? As respostas a ambas as perguntas são muito simples e iguais. NADA. Não fiquem escandalizados porque é mesmo assim. Portugal está hoje muito pior do que à época, é só ver os indicadores económicos e sociológicos e tirar as devidas conclusões. Porque não pensem que pelo facto de termos hoje muito mais tecnologia e acesso a ela, somos mais desenvolvidos. Somos um dos países mais endividados da UE e do mundo, somos o país com as maiores desigualdades salariais, somos o país onde os gastos da administração pública são os mais desproporcionais relativamente ao tamanho e à população de Portugal, somos o país com as maiores lacunas e deficiências a nível de acesso à saúde, à justiça e à educação, os pilares fundamentais de qualquer Estado de Direito que se preze. Somos igualmente o país (ou um dos poucos) com as mais altas taxas de iliteracia funcional, onde grassa a mais abjecta e surpreendente ignorância cultural, histórica, económica e política. Os portugueses não conhecem, ou conhecem muito mal, a história, o império passado e os grandes feitos da nação. Desconhecem igualmente os grandes homens de Estado, da ciência, da filosofia, da literatura, da economia e de outras áreas que o país viu nascer e conheceu. Em suma, os portugueses estão anestesiados, descrentes deles próprios e sem qualquer vislumbre minimamente coerente do que será o seu futuro e o dos seus filhos e netos.
Já fomos um país rico, influente no plano internacional e cuja importância era reconhecida, depois da Revolução fomos transmutados num lamaçal e num farrapo nas mãos de classes (muito pouco) dirigentes, preocupadas com os seus interesses económicos e dos amigos que os ajudaram e ajudam a chegar ao poder. Precisávamos de um presidente que se manifestasse contra este estado de coisas, mas ele não existe e nunca existirá. O regime está podre, caduco, corrompido e carcomido até à medula.
Perceberam agora para que é que se fez o 25 de Abril, ou melhor, as implicações e os efeitos nefastos de uma Revolução que não se justificava, tendo em conta que Marcelo Caetano já estava a proceder às reformas necessárias para modernizar o país e levá-lo na senda da democracia saudável??? Para além de que, a situação financeira do país ainda era, apesar de tudo, boa. Voltarei a este tema em outro post futuro.
Já perceberam a dimensão da fraude??? e do mal que ela fez e está a fazer ao país???
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