A "famosa" questão económica do final do regime imediatamente antes do 25 de Abril é apenas "famosa" no sentido em que não passa de uma metáfora. Não se compreende a atitude de muitos autores e investigadores que repetem insistentemente a «crise económica» de que sofria o regime, já não de Salazar e do Estado Novo, ambos terminados em 1968, mas de Caetano e das suas progressivas liberalizações da sociedade e há quem veja (sendo esta a tónica dominante, por desconhecimento da história ou então por desonestidade intelectual) a curta vigência do marcelismo como um prolongamento histórico do salazarismo e do "fascismo" [ideologia inexistente em Portugal, mas que a ignorância e a falta da argumentos válidos validaram artificialmente]. Provavelmente havia que rebaixar ao máximo esses dois períodos. Os preconceitos ideológicos são isso mesmo, opinião admitida sem fundamento para não ter de a discutir e analisar previa e posteriormente. Também foi do interesse do novo regime nascente com o 25 de Abril repetir até à exaustão que o anterior regime era mau em todos os aspectos, especialmente na economia que acaba por se reflectir em muitos sectores, para além da litania clássica da falta de liberdade.
As pessoas costumam ficar admiradas e até chocadas quando se diz que Salazar foi a única personalidade portuguesa da época contemporânea a fazer algo pela educação em Portugal. Analisando bem os factos, Salazar, acusado de tudo e de mais alguma coisa incompreendido e mal estudado, percebeu muito bem que o atraso de Portugal só poderia começar a ser resolvido educando e formando o povo. Percebeu igualmente que seria preciso construir uma série de escolas públicas, praticamente inexistentes, e que seria igualmente premente formar professores e mantê-los satisfeitos, tendo a clara noção de que a vida de professor dava cabo da cabeça e do físico.
Mas vamos a números e a gráficos:
Este gráfico mostra sem margens para dúvidas a falsa litania dos que dizem que Portugal estava em crise económica profunda imediatamente antes do 25 de Abril. Mas vamos por partes; Por volta de 1850 o PIB per capita rondava os 63%, começando a descer até aos 47,8% por alturas da bancarrota de 1891. Recupera ligeiramente em 1900 e recomeça a cair até 1910, ano da implantação da malfadada República. De 1910 em diante o PIB ainda recuaria mais 7,6% fixando-se nos 26,9% nos inícios do golpe militar de Maio de 1926. Com o Estado Novo aconteceu "quase que um milagre", com o PIB a subir 30,5%. E era o «fascismo» e «falta de liberdade», imaginem só se não fosse assim. A partir do 25 de Abril o PIB passou por fases alternativas de quedas e subidas, mas os números são esmagadores nas suas evidências, de 1975 a 2018 o PIB apenas cresceu 4,4%!! Ah grande liberdade!!! O que seria do mundo sem ti!!!
Vejamos agora os dados relativos à dívida externa de Portugal [fonte: BARRETO, António e MÓNICA, Maria Filomena, coordenação, Dicionário de História de Portugal, Vol. VII, suplemento A/E, Porto, Figueirinhas, 1999, p. 564]:
1926 - % PIB/ 44,34/ Mil contos/ 5354
1930 - % PIB/ 32.24/ Mil contos/ 5256
1935 - % PIB/ 18,90/ Mil contos/ 3271
1940 - % PIB/ 4,72/ Mil contos/ 954
1945 - % PIB/ 2,76/ Mil contos/ 835
1950 - % PIB/ 1,51/ Mil contos/ 640
1955 - % PIB/ 1,28/ Mil contos/ 685
1960 - % PIB/ 2,54/ Mil contos/ 1899
1965 - % PIB/ 7,61/ Mil contos/ 8530
1970 - % PIB/ 5,33/ Mil contos/ 9888
1973 - % PIB/ 4,72/ Mil contos/ 13891
A dívida externa manifestava a incapacidade do Estado financiar internamente as múltiplas solicitações e necessidades a que era preciso acorrer. Só com o Estado Novo esse problema se conseguiu reverter. Basta ver que a dívida externa entre 1930 e 1935 baixou mais de 45%, de 1935 a 1940 uma baixa de 75%!, entre 1960 e 1965 a dívida subiu de 2,54% para 7,61% muito certamente por causa das obras públicas e da modernização industrial, mas depois voltaria a baixar até 1973.
Ah grande Primeira República!! O que seria de nós sem ti!!!
Vejamos agora outro gráfico, o da dívida pública portuguesa:
É incompreensível o epíteto económico que se aplica ao Estado Novo, só mesmo por má-fé, desonestidade intelectual, por gravíssimo preconceito ideológico e pela obstinação em recusar a realidade dos factos [neognosticismo] se pode desvirtuar e negar os factos económicos do Estado Novo. Se em 1850 a dívida pública se situava nos 38% do PIB, ela subiria para 70,8% por alturas da Primeira República que, não contente com a situação, a subiria para 73,8%. Mais uma vez, o maldito Estado Novo e a sua falta de liberdade e de tudo o mais que se queira, coloca os nervos em franja aos neognósticos.
De 1926 a 1974 a dívida pública caiu quase 60% !!! Ah maldito "fascismo", ah Salazar Salazarinho, comedor do meu pão e bebedor do meu vinho e rasgador dos meus melhores lençois de linho...
E o que aconteceu de seguida com a tão famigerada democracia? e liberdade de expressão? A subida imparável da dívida pública para 122,2% até 2018. Ah grande democracia, ó liberdade, ó tudo o que queiras chamar-me, não ficarás certamente por aqui, pois, agora com o corona vais disparar por aí acima, havendo quem preveja uma dívida pública próxima dos 160% entre 2020 e 2021 caso não cheguem ajudas de "bruchelas".
Continua.
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