Avançar para o conteúdo principal

A democracia é uma batalha campal

«Ultrapassada a democratização, se se conduz o mundo às aspiração da socialização integral na visagem da igualdação e planificação social, parece que a encaminhá-lo para o homem da caverna, para quê gastar tempo em defesa de construção política com base em neo-monarquismo integral, sindicalista orgânico?
Será esforço baldado tentar catequizar as massas quando somente as preocupam os reis do petróleo ou do aço, das tábuas de xadrez ou dos baralhos de cartas, as rainhas da beleza deste ou daquele continente, da city ou do boulevard, cá de um ou outro mercado de Lisboa ou Porto, e mais que os heroís, os pensadores, os sábios, artistas e homens de Estado, admiram as estrelas de cinema, os azes do futebol e as vedetas estradistas do velocípede.
Aqui o objectivo em mira é muitíssimo mais modesto; está em convencer de real e palpável a classificação, já bem divulgada, que Fustel de Coulanges fez da história do seu país no século passado. O sociólogo e historiador francês entreviu a História abastardada pela luta incessante dos partidos políticos, por contínuas e endentadas competições, ou, mais propriamente, por constante e síncrona batalha campal.
Diz-nos: «A História tornou-se assim entre nós uma espécie de guerra civil em permanência». Ora se essa tal guerra civil é vital na madre das democracias contemporâneas, vá de focar-se na nossa, se bem que mitigada e acobertada pelo manto da realeza.

Vem a ser observar-se a nossa guerra dos cem anos, deflagrada em 1820 e que ingénua ou ilusoriamente se disse acabada em 1926. Encadear-se episódios da batalha sob o signo da liberdade, basta, para o desmentir, partir-se do particular para o geral. Captarem-se os sucessos à distância para ajuizarem-se os efeitos da persistente e incansável luta, ou a sua projecção na mentalidade e na vida moral e social portuguesa».

In MALHEIRO, Francisco - A Nossa Guerra dos Cem Anos. Ponte de Lima, Oficinas de S. José, 1958, pp. XXXIII e XXXIV (introdução).  

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O marquês de Pombal, o analfabetismo, o atentado a D. José e a fraude pandémica

O atraso de Portugal, quer a nível económico, quer a nível social ou a nível cultural, começa em meados do século XVIII. Passada a fase de grande prosperidade com D. João V e a chegada ao poder de D. José I, a liberdade e a alfabetização de Portugal sofreram um grande retrocesso. Esta tendência "suicida" de destruir o bom que já vinha de trás é paradigmática do processo de involução que este país tem vindo a sofrer desde há pelo menos 300 anos. A fase de fraude pandémica é apenas o corolário lógico de um acumular de farsas e mentiras. Quando os factos são conhecidos, não há surpresa quanto ao atraso de Portugal relativamente à Europa civilizada.  O nosso atraso nada tem a ver com a religião católica como de modo totalmente leviano e com uma boa dose de ignorância se afirma nos livros de história, tese partilhada e difundida por muitos historiadores. O nosso atraso começa com um dos maiores crápulas da nossa história, precisamente, o marquês de Pombal. Afirmar que os país...

Os 99 graus da maçonaria.

 Tudo é mistério, mistério que nada tem de misterioso. Tudo é oculto, ocultismo que brilha intensamente. Brilho não declarado, que escurece até a mais alva luz. Tudo é luz, na escuridão e na penumbra. Peidos e água fresca  para um homem muito moderno [o homem aqui é a sociedade burrocratizada], que se acha nos confins das auroras modernistas. Vivem na ilusão, muito contentes e ciosos de si, convencidos do paternalismo daqueles que nos querem destruir a prazo. Um tolinho que eu sou, conspiracionista e negacionista, de mangas largas e costas quentes.

Imaginemos que por momentos...

 O multiculturalismo foi a causa, uma das causas, da queda da Roma Imperial e vai ser a causa da queda da Europa. O multiculturalismo é prejudicial não apenas para os nacionais como também para todas as etnias não nacionais que coabitem nos mesmos espaços. Ninguém, poder político, quer saber disso para alguma coisa. Isto de enfiar pelas portas adentro gente alógena sem controlo, sem regras e sem restrições de qualquer espécie vai dar barraca. Já está a dar desde há uns tempos a esta parte. O português comum sabe bem disso e intui na perfeição o problema, mas enquanto se agitarem continuamente as bandeiras do racismo e da xenofobia, nada acontecerá para obstar a este estado de coisas. Os últimos acontecimentos na Amadora são o reflexo disto mesmo. Mais um de entre tantos outros. E claro, as desgraçadas das forças de segurança é que são culpadas. Mas imaginemos que por momentos as forças de segurança, as suas chefias, digam BASTA!! A partir de agora nós não iremos acudir nem iremos m...