Avançar para o conteúdo principal

Europa - os frugrais têm toda a razão

Durante todo o dia do domingo 19 de Julho, esperava-se mais uma maratona negocial perante a falta de acordo da sexta e sábado anteriores. Tudo se resumia a um acordo para o desbloqueamento de cerca de 750 mil milhões de euros de apoios públicos para a zona euro. Tudo isto não deveria passar de uma formalidade pois, Merkel e Macron estavam em sintonia relativamente ao programa de ajudas com o beneplácito da Lagarde.

Mas na verdade, as resistências eram muitas, especialmente, Dinamarca, Países Baixos, Áustria, Suécia e Finlândia, manifestamente contra este plano de dar mais dinheiro aos denominados "PIGS". A Hungria liderada pelo conservador Viktor Orban, ameaçava vetar o plano financeiro Merkel-Macron, e mesmo os outros países do leste europeu estão a ficar cada vez mais fartos dos desmandos da duplo franco-alemã.

A questão essencial, para além do acordo ou não acordo dos apoios públicos, mostra que os "frugrais" estão carregados de razão num ponto fundamental; não é aumentando de modo durável as despesas sociais, nem trabalhando menos a pretexto de salvar empregos e nem espoliando a poupança que a crise deixará de acontecer. A "santuarização" de todas as desastrosas intervenções estatais ameaçam mergulhar-nos no declínio e na estagnação. Ajudas pontuais e empréstimos razoáveis perfeitamente delimitados, é uma coisa, outra, bem diferente e para muito pior, é um endividamento crescente e sistemático aliado a uma bolha monetária artificial que tornará as contas públicas insustentáveis já a curto-prazo.

Não esqueçamos, por outro lado, que os "frugrais" estão fartos (e com toda a razão) de financiar as dívidas dos países do sul; este mesmos países não fizeram qualquer reforma digna do nome das suas administrações públicas e do Estado. O caso de Portugal é paradigmático, os casos de corrupção sucedem-se de forma vergonhosa e sem fim à vista, o nepotismo e as redes clientelares sugam o erário público, os impostos em Portugal, proporcionalmente aos rendimentos médios, são absurdamente altos e servem apenas para alimentar as correntes corruptas e nepotistas assim como o alto despesismo da administração estatal. 

Alguém de bom senso na UE pode concordar com uma coisa destas?? E para mais, conhecida a ineficiência judicial portuguesa e a promiscuidade entre política e agentes económicos, altamente lesiva dos verdadeiros interesses da população.

Tivéssemos um Presidente da República com "P" grande a nossa situação poderia estar mais facilitada, mas como temos um "palhaço selfeiro" preocupado a dar beijos e abraços e com a sua reeleição, está tudo dito. É tão bom, ou pior, como os outros. 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O marquês de Pombal, o analfabetismo, o atentado a D. José e a fraude pandémica

O atraso de Portugal, quer a nível económico, quer a nível social ou a nível cultural, começa em meados do século XVIII. Passada a fase de grande prosperidade com D. João V e a chegada ao poder de D. José I, a liberdade e a alfabetização de Portugal sofreram um grande retrocesso. Esta tendência "suicida" de destruir o bom que já vinha de trás é paradigmática do processo de involução que este país tem vindo a sofrer desde há pelo menos 300 anos. A fase de fraude pandémica é apenas o corolário lógico de um acumular de farsas e mentiras. Quando os factos são conhecidos, não há surpresa quanto ao atraso de Portugal relativamente à Europa civilizada.  O nosso atraso nada tem a ver com a religião católica como de modo totalmente leviano e com uma boa dose de ignorância se afirma nos livros de história, tese partilhada e difundida por muitos historiadores. O nosso atraso começa com um dos maiores crápulas da nossa história, precisamente, o marquês de Pombal. Afirmar que os país...

A ambiguidade do termo racismo

 Segundo a Grande Enciclopédia Universal (vol. 16, p. 11025), o termo racismo apenas se popularizou como neologismo com a obra de J. A. Gobineau, editada em 1853 e intitulada "Sur L´inégalité des races humaines", que serviria de ponto de partida e de aprofundamento do tema de outro livro, considerado o clássico dos livros ditos racistas, "Die Grundlagen des neuzehnten Jarhunderts", escrito pelo germanizado H. S. Chamberlain. Esta obra serviu mais tarde para postular as posições racistas e de raça superior do Terceiro Reich. Não obstante, e no caso português, o termo apenas se generaliza nos dicionários a partir da década de 1960. Antes dessa época são muito poucos, escassos mesmo, os dicionários que incluem o termo. O termo é definido como: «Exacerbação do sentido racial de um grupo étnico», ou seja, a celebração da raça ou o culto da raça, enquanto entidade geradora de sentimentos fortes de pertença a uma comunidade de indivíduos unidos por laços de sangue e por um...

O maior espectáculo desportivo do mundo

 Para não falar aqui de coisas tristes, saloias e sem sentido, características, de entre outras, da sociedade de MERDA em que actualmente vivemos, venho aqui dar à estampa o 4 Nações, agora renomeado de Rugby Championship ou Sanzaar, disputado pelas quatro potências do hemisfério sul, Austrália, Nova Zelândia, Argentina e África do Sul. Disputaram-se esta manhã (hora portuguesa e europeia) os jogos da 1ª jornada. No jogo Nova Zelândia - Argentina, estes últimos voltaram a ganhar um jogo aos All BLACKS, 30-38 a favor dos PUMAS, o que não acontece muitas vezes. Foi um grande jogo de rugby, intenso, bem jogado com belas jogadas à mão, e a Argentina que esteve a maior parte do jogo a perder, conseguiu dar a volta já nos últimos 10 minutos de jogo. Mas diga-se que foi merecido, Com um Santiago Carreras de alto nível. No outro jogo a África do Sul impôs-se facilmente aos australianos que jogavam em casa, 33-7, jogo não tão espectacular, bem longe disso, mas diga-se que a Austrália, já de...