Marx nunca definiu completa e definitivamente uma classe social sendo apenas evidente que ele considerava como factores básicos as relações existentes entre os meios de produção e o emprego da mão-de-obra. Mas esta visão, muito seca, por assim dizer, não é de espantar em Marx quando sabemos que o mesmo era uma fraude e se aproveitou de falsos paradigmas e falsas teorias para ter uma "vida de rei".
Touraine considerava as classes como «grupos definidos pelo seu lugar no processo social de produção». Mas isto, não é suficiente; as classes sustentava Touraine, são além disso, elementos de um sistema de antagonismos. No seu escrito, A Ideologia Alemã, Marx acentua que os indivíduos só formam uma classe quando se entregam a uma luta comum contra outra classe. A afirmação de outra fraude como Estaline que dizia não existirem classes antagónicas na URSS, não tem qualquer sentido. Onde existem classes existe antagonismo, faz parte da ordem natural das coisas.
Deste modo, existem dois elementos que definem uma classe social: o seu lugar no processo social de produção e a sua posição num determinado sistema de antagonismos. Mas isto ainda não é suficiente para definir claramente uma classe. Uma classe tem de ter consciência da sua homogeneidade e do seu antagonismo em relação às outras classes. Situação que nem sempre é muito visível e, para mais, com a tentativa contínua de eliminar as classes, esse processo conhece uma erosão significativa a contribuir para complicar ainda mais as devidas distinções. Os antagonismo de classe alteram constantemente a sua forma consoante a evolução do sistema de produção. A experiência mostra que a consciência de classe toma a sua forma mais coerente e politicamente mais eficaz quando a complexidade de lutas e conflitos dentro de uma orgânica complicada se esquematiza numa visão simples e dualista, de uma sociedade dividida entre governados e governantes, ricos e pobres, entre pessoas para quem os outros trabalham e pessoas que trabalham para os outros. Depois da Revolução Francesa, o slogan mais directo e abrangente sugeria uma luta directa entre a maioria e a minoria privilegiada. Babeuf descreve o conflito social como uma guerra entre a grande massa da nação, os produtores, e alguns exploradores, os «especuladores e negociantes». O «Manifesto Comunista» previu que a sociedade se dividiria gradualmente em dois campos, depois da eliminação das camadas intermédias, e que a revolução só se daria quando esta divisão estivesse concluída.
No entanto, a sociedade não se polarizou em dois campos; pelo contrário, tornou-se cada vez mais complexa e diversificada. Engels e lenine lamentaram o conservantismo político da «aristocracia operária», um fenómeno que chama a atenção para um facto que Marx [fraudulento e burro, tal como todos os que acreditam na falácia esquerdista do fim das classes] não tomou em conta - a condição social. Como explicação do comportamento político global, a teoria de classes sociais manifesta-se inadequada e erradamente esquemática. Essencialmente porque a condição social, que se define por critérios de nascimento, educação, proventos, fortuna e poder, factores que, como os de classe, têm uma existência objectiva e reflectem subjectivamente a problemática da consciência social e política.
Tem-se, evidentemente, de salientar que o critério de condição social goza a apenas de uma existência objectiva transitória, enquanto que o critério de classe social é permanentemente objectivo; por outras palavras, o nascimento, a riqueza, etc., representam valores diferentes para o indivíduo e para a sociedade em geral, segundo os ambientes sociais. Assim, em Inglaterra a origem aristocrática conta mais do que nos EUA ou na Rússia, e os meios de fortuna menos do que nos EUA. Contudo, tem-se atribuído um valor mais ou menos uniforme aos principais factores da condição, e estes, por sua vez, têm afectado a classe do indivíduo e as suas tendências segundo um esquema muito nítido. Tendência errada e falaciosa.
A educação é quase sempre um factor de condição dirigido para a esquerda, na medida em que os elementos mais instruídos de uma classe têm tendência a manifestar uma maior consciência de classe ou simpatia pelo proletariado. Pelo contrário, um alto nível de vida tende a favorecer tendências para a direita. Este, é o esquema mais ou menos difundido, mas é falso e não corresponde à realidade. E isto prova-se facilmente: quando o nível de vida é derivado de uma instrução mais elevada, o resultado é variável. Os factores regionais e étnicos têm também influência na consciência de classe e nas tendências políticas.
O anarquismo na Catalunha radicou-se em oposição ao centralismo castelhano, o PC britânico ficou a dever muito da sua popularidade inicial à Escócia, sul de Gales e Irlanda, onde existia uma feroz anglofobia. Mais tarde, o partido recrutou muitos dos seus membros entre os judeus de Londres. Na realidade, os judeus tiveram muita importância no movimento socialista europeu. Marx e Lassale eram judeus, tal como Bernstein, Rosa Luxemburgo, Eisner, Adler, Radek e Blum. Antes de 1914, o Reichstag era composto de cerca de 25% de judeus quase todos militantes do SPD.
As mulheres parecem ser, em algumas regiões, mais conservadoras do que os homens. Os mais velhos são mais conservadores do que os mais novos. Estes últimos não estão integrados socialmente - o que é um factor de condição importante -, revelando uma tendência para atitudes mais radicais do que outros grupos.
Não é de admirar que os movimentos sociais de esquerda tenham encontrado, com muita frequência, não só os seus teorizadores, mas também os seus chefes, entre os intelectuais, grupo que alia um alto nível de instrução com uma relativa falta de integração social.
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