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A Prússia - uma potência, de ducado a reino

 O nome "Prússia" foi aplicado pela primeira vez à população Letto-Eslava, conhecidos pelos " Prussai", a partir do século VIII. Várias tribos eram governadas por diferentes chefes, sendo o poder supremo exercido por um "Kriwe", espécie de «grande sacerdote», a residir em Romowe muito perto da antiga cidade prussa de Koenigsberg.

As tentativas feitas desde 997 para cristianizar os prussianos não surtiram efeito e, deste modo, o monge Bernardin Christian primeiro bispo da Prússia nomeado pelo papa em 1215, foi obrigado a fundar uma Ordem de Cavalaria eclesiástica para estabelecer o cristianismo pela força das armas (1225). Esta Ordem foi conhecida pela Ordem de Dobrin, mas tinha poucos efectivos revelando-se ineficiente para vergar os pagãos. No ano de 1226, o bispo chamou em seu socorro a Ordem Teutónica, a qual o papa e o imperador lhes asseguraram a posse do território que acabariam por conquistar. 

O grão-mestre Hermann de Saltz enviou para a Prússia em 1228 alguns cavaleiros sob o comando do provincial (landmeister) Hermann Balke. A conquista começou em 1230 e só terminou em 1283, com a Ordem de Dobrin a ser anexada à Ordem Teutónica.

www.kwidzynopedia.pl/images/thumb/8/85/Herman_v...Hermann Balke.


O governo prussiano foi, numa primeira fase, confiado a um provincial; de seguida, o assento da Ordem foi transferido para Marienburgo (Baixa Saxónia, perto de Hannover), tomando o grão-mestre as rédeas do governo em 1309. Como a Ordem Teutónica estava amiúde envolvida em guerras contra a Polónia, várias porções do território prussiano ficaram em mãos polacas. Em consequência, a nobreza e as vilas descontentes com a governação do grão-mestre, formaram em 1440 a «Confederação Prussiana» que ficou sob protectorado da Polónia em 1454. Seguiu-se uma guerra de 12 anos que teve como consequência mais visível a cedência da Prússia Ocidental à Polónia. A Ordem Teutónica teve de aceitar a Prússia Oriental como feudo da Polónia, com a transferência da residência do grão-mestre para Koenigsberg (actual Kaliningrado). Os grãos-mestre tentaram, sempre em vão, retirar a Ordem Teutónica da suserania polaca.

Alberto de Brandemburgo-Ansbach, grão-mestre a partir de 1511, dissolveu a Ordem em 1525 fazendo da Prússia ducado ao mesmo tempo que ele e outros cavaleiros abraçavam o protestantismo. No entanto, um pequeno número de dissidentes, vieram estabelecer-se em Morgenstein na região de Wuttemberg elegendo um novo grão-mestre. O sucessor de Alberto no ducado da Prússia foi o seu filho, Alberto Frederico e à morte deste, em 1618, a Prússia passou à posse de Brandemburgo por herança e, depois da guerra sueco-polaca (1655-1660), Brandemburgo ficou com a soberania total da Prússia.

upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/a/... Alberto Frederico duque da Prússia.


O margrave Frederico III (1688-1713) fez do território reino em 1701. Frederico III e depois I com a ascensão do ducado a reino (de fora ficou a Prússia real ainda em posse polaca), era terceiro-neto de Alberto Frederico e eleitor do Sacro Império, dignidade que já transitava de seus antepassados, e desde essa época o nome de Prússia estendeu-se a todos os territórios governados pela dinastia dos margraves.

Aquando da sua fundação o reino compreendia o eleitorado de Brandemburgo, a Pomerânia posterior, o bispado de Camin (1648), os principados, outrora bispados, de Halberstadt e de Minden (1648), o ducado, outrora bispado, de Magdburgo (1680), o ducado de Cléves e os condados de Marck e de Ravensberg (1614). Mais tarde, em 1702, a Prússia adquiriu os condados de Moers e de Lingen (1702), o condado de Tecklemburg (1707), Stettin e a Pomerânia ulterior em 1720, a Silésia e o condado de Glatz em 1742, o condado de Ostfrise em 1744 e diferentes partes do reino da Polónia em 1772, 1793 e 1795, assim como os principados de Ansbach e de Bayreuth em 1791.

Em 1801, teve de ceder à França todo o território que possuía na margem esquerda do Reno, mas recebeu como compensação (1803) os bispados de Paderborn e de Hildesheim, uma boa parte do bispado de Muenster, uma parte do eleitorado de Mayence e ainda as vilas imperiais de Nordhausen, Mulhouse (hoje pertence à França) e de Goslar.

Em 1805 a França retirou-lhe Cléves e os principados de Ansbach e de Bayreuth, mas em 1806 a Prússia adquire Hannover. Em 1807, perde todas as suas possessões da margem esquerda do rio Elbe, assim como os territórios que tinha adquirido na segunda e terceira partilha da Polónia. O Congresso de Viena (1815) não lhe restituiu os territórios perdidos nas guerras napoleónicas. Ostfrise foi anexada a Hannover, os principados de Ansbach e Bayreuth ficaram com a Baviera e os territórios adquiridos na terceira partilha da Polónia passaram à Rússia. Não obstante, a Prússia adquiriu o território que se tornaria depois a Prússia renana. Depois de 1849 a Prússia, por via da renúncia dos príncipes reinantes, ficou com os principados de Hohenzollern-Sigmaringen e de Hohenzollern-Rechingen. 

No seguimento da guerra austro-prussiana (1866), ainda anexou Schleswig-Holstein, Hannover, Nassau, Hasse-Capel e Frankfurt e ainda Hesse-Homburg que lhe foi cedido por Hesse-Darmstad.

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