Avançar para o conteúdo principal

Inconsistências do materialismo dialéctico

A perspectiva evolucionista do materialismo dialéctico foi sugerida por Hegel, na qual é possível (segundo Hegel) definir em termos lógicos os diversos estágios evolutivos. Mas esta lógica cai por terra quando se pretende que a causa primeira dos fenómenos sociais esteja relacionada com os métodos de produção e trocas dominantes em qualquer período considerado.

A famosa "história da luta de classes" e as suas guerras originaram-se nos modos de produção e de trocas, ou seja, nas condições económicas de cada época concreta. Deste modo, a estrutura da sociedade é "a chave" que permite decifrar e interpretar a super-estrutura das instituições políticas e jurídicas, assim como as concepções religiosas e filosóficas de qualquer período considerado. Hegel primeiro, e depois Marx e Engels, viam neste esquema simplificado o advento imparável do socialismo.

O materialismo histórico tem (teria ?) como missão prioritária examinar a sucessão dos fenómenos histórico-económicos, para discernir a origem das diversas classes e consequentes antagonismos. De seguida, tratava-se de nas condições económicas assim impostas, de descobrir uma forma de pôr termo ao conflito entre proletariado e burguesia. A teoria materialista inicia-se com o processo de produção de uma época, considerando como base histórica o modelo económico gerado pela respectiva forma de produção. E a partir daqui a teoria pretende (pretendia ?) explicar a moral, a religião, a filosofia, a sociologia e porque seguiu a história o curso que seguiu.

O conceito de materialismo histórico desenvolvido, sobretudo por Marx, está enviesado e é faccioso, referindo-se unicamente à causalidade económica dos fenómenos sociais de cada época, esquecendo, ou não sabendo como lidar com a causalidade dos factores filosóficos, geográficos, sociológicos e culturais diferentes de local para local, assim como os diversos condicionalismos temporais e naturais, também diferentes entre locais diversos. Tudo se resumiria, assim, a questões económicas advindas de métodos de produção que gerariam, por sua vez, modelos económicos muito precisos.

Este determinismo histórico e evolutivo é o que se poderia chamar de o futuro a vir, mais do que certo, mas em boa verdade, a lógica não domina o mundo à moda materialista de Marx e seus acólitos. Bem longe disso!

O que está implícito na teoria do materialismo histórico é um fim a ser alcançado, um fim que terá inapelavelmente de ser alcançado, pois se assim não for, a evolução humana deter-se-á. É certo que conflitos de classes e conflitos entre nações e povos podem ter origem económica, mas as causas primordiais de tais conflitos não têm causas económicas e sim, culturais, geográficas e, em alguns casos, ambientais. Por outro lado, os conflitos económicos estão fundados, não pela oposição entre classes sociais, mas pela oposição entre biologia e ambiente, pela oposição entre sociedade e geografia, pelas prioridades muito específicas e diferentes de povos e raças e pelas divergentes concepções de vidas.

A interpretação materialista da história é, não apenas incompatível com a ciência, como estranha à mesma. É um vírus que tudo contamina e destrói à sua passagem. Sempre que os materialistas dialécticos abandonam a recta razão e a filosofia da história, ao mesmo tempo que tentam eliminar as vias da ciência experimental, dão-se mal. E não faltaram e continuam a faltar exemplos disso mesmo.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O marquês de Pombal, o analfabetismo, o atentado a D. José e a fraude pandémica

O atraso de Portugal, quer a nível económico, quer a nível social ou a nível cultural, começa em meados do século XVIII. Passada a fase de grande prosperidade com D. João V e a chegada ao poder de D. José I, a liberdade e a alfabetização de Portugal sofreram um grande retrocesso. Esta tendência "suicida" de destruir o bom que já vinha de trás é paradigmática do processo de involução que este país tem vindo a sofrer desde há pelo menos 300 anos. A fase de fraude pandémica é apenas o corolário lógico de um acumular de farsas e mentiras. Quando os factos são conhecidos, não há surpresa quanto ao atraso de Portugal relativamente à Europa civilizada.  O nosso atraso nada tem a ver com a religião católica como de modo totalmente leviano e com uma boa dose de ignorância se afirma nos livros de história, tese partilhada e difundida por muitos historiadores. O nosso atraso começa com um dos maiores crápulas da nossa história, precisamente, o marquês de Pombal. Afirmar que os país...

A ambiguidade do termo racismo

 Segundo a Grande Enciclopédia Universal (vol. 16, p. 11025), o termo racismo apenas se popularizou como neologismo com a obra de J. A. Gobineau, editada em 1853 e intitulada "Sur L´inégalité des races humaines", que serviria de ponto de partida e de aprofundamento do tema de outro livro, considerado o clássico dos livros ditos racistas, "Die Grundlagen des neuzehnten Jarhunderts", escrito pelo germanizado H. S. Chamberlain. Esta obra serviu mais tarde para postular as posições racistas e de raça superior do Terceiro Reich. Não obstante, e no caso português, o termo apenas se generaliza nos dicionários a partir da década de 1960. Antes dessa época são muito poucos, escassos mesmo, os dicionários que incluem o termo. O termo é definido como: «Exacerbação do sentido racial de um grupo étnico», ou seja, a celebração da raça ou o culto da raça, enquanto entidade geradora de sentimentos fortes de pertença a uma comunidade de indivíduos unidos por laços de sangue e por um...

O maior espectáculo desportivo do mundo

 Para não falar aqui de coisas tristes, saloias e sem sentido, características, de entre outras, da sociedade de MERDA em que actualmente vivemos, venho aqui dar à estampa o 4 Nações, agora renomeado de Rugby Championship ou Sanzaar, disputado pelas quatro potências do hemisfério sul, Austrália, Nova Zelândia, Argentina e África do Sul. Disputaram-se esta manhã (hora portuguesa e europeia) os jogos da 1ª jornada. No jogo Nova Zelândia - Argentina, estes últimos voltaram a ganhar um jogo aos All BLACKS, 30-38 a favor dos PUMAS, o que não acontece muitas vezes. Foi um grande jogo de rugby, intenso, bem jogado com belas jogadas à mão, e a Argentina que esteve a maior parte do jogo a perder, conseguiu dar a volta já nos últimos 10 minutos de jogo. Mas diga-se que foi merecido, Com um Santiago Carreras de alto nível. No outro jogo a África do Sul impôs-se facilmente aos australianos que jogavam em casa, 33-7, jogo não tão espectacular, bem longe disso, mas diga-se que a Austrália, já de...