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O bestiário esquerdista - o caso da igualdade

 O que é a igualdade? O termo é amiúde invocado, pelos motivos mais estúpidos e inconsequentes, mas pouco ou nada analisado. Se, por exemplo dissermos que os indivíduos A e B medem dois metros de altura, eles são então iguais em questões de altura. Mas se um deles pesar 100 kg e o outro 90, então a igualdade acaba por aí.

Acontece então que para dois ou mais indivíduos serem considerados iguais no sentido absoluto, eles têm de ser rigorosamente idênticos em todos os aspectos, o que está longe. muito longe, de acontecer. 

O ideal igualitário reclamado pela esquerda só seria possível caso todos os homens fossem precisamente iguais ou uniformes em todos os seus aspectos e atributos associados. O que, como muito bem sabemos e é do bom senso, não acontece de modo algum. Uns são mais altos, outros mais baixos, outros mais magros, outros mais fortes, outros mais rápidos, outros mais inteligentes, etc, etc, etc, etc, etc, ad infinitum.

A ficção do bestiário esquerdista não concorda com isto, pretendendo criar uma alternativa - um escape legal (?) aos determinismos naturais - uma espécie de ficção de terror, um mundo de criaturas idênticas e sem rosto, desprovidas de toda a individualidade própria de cada ser humano, desprovidas de variedade ou criatividade especial.

Já na década de 1970 L. P. Hartley falava no seu romance anti-utópico, Facial Justice, na inveja institucionalizada pelo Estado, que se certifica a todo o momento que os rostos das meninas são todos igualmente bonitos, com operações estéticas executadas tanto nas mais bonitas como nas mais feias, para equilibrar a beleza. Ninguém pode ser mais belo do que ninguém. Hoje, em pleno século XXI, se é que tal data tem algum significado explícito, o Estado quase que, ou praticamente de um modo encoberto, replica essa acima citada inveja e permite que o bestiário esquerdista invoque e reclame igualdade que é de impossível existência.  

Kurt Vonnegut, outro autor que escreveu sobre o tema no livro Welcome To The Monkey House, diz o seguinte a páginas 7:

                         «O ano é 2081, e finalmente todos eram iguais. Eles não eram só iguais perante Deus e a lei. Eles eram iguais e todos os sentidos. Ninguém foi mais esperto do que o outro. Não havia ninguém mais bonito do que qualquer outra pessoa. Não havia ninguém mais forte ou mais rápido do que qualquer outro indivíduo. Toda esta igualdade era derivada à 211, 212 e 213 Emendas à Constituição e à incessante vigilância dos agentes da Compensação Geral dos Estados Unidos.»

Descreve-se ainda o caso de um cidadão, George, que tinha uma inteligência acima da média, e, para obstar a essa situação, fora-lhe embutido um pequeno rádio de compensação mental no seu ouvido esquerdo. Estava obrigado por lei a usá-lo a toda a hora, estando o rádio sintonizado a um transmissor governamental. A cada vinte segundos, mais coisa menos coisa, o transmissor emitia um ruído agudo para impedir que pessoas como George pudessem retirar vantagem injusta dos seus cérebros... O horror que instantaneamente sentimos relativamente a estas histórias é o reconhecimento intuitivo e óbvio que os homens não são uniformes; que a espécie, a humanidade, é caracterizada univocamente por um elevado grau de variedade, ou seja desigualdade. Mas a esquerda, em especial a extrema-esquerda, pretende esse horror, quer uma igualdade à força. E há ainda, não sei se por ignorância pura ou por deboche suicida, quem não queira ver o grau de perigosidade dessa extrema-esquerda.

Uma sociedade igualitária só será possível através de métodos coercivos, através de um totalitarismo transversal a todos os aspectos da sociedade humana. Pensem um pouco e vejam se não é o que já está a acontecer de há uns anos a esta parte, o bestiário esquerdista, lentamente, vai atingindo esses patamares, mas esse bestiário depara-se com um freio fantástico; o espírito humano individual vem sempre ao de cima, um fundo de reserva moral sobrepõe-se nas horas mais difíceis, e frustra essas tentativas anti-naturais de estabelecer uma igualdade por decreto. É por isto mesmo que o bestiário esquerdista não se cansa de reclamar direitos, novos direitos, não se cansa de inventar cenários de perigosidade externa a aos seus ideias macabros, não se cansa de debitar mentiras e imprecisões sobre factos e estatísticas científicas, não se cansa de querer equiparar as ciências sociais às ciências biológicas e químicas, numa desesperada tentativa de manipular o tempo e o espaço a seu favor. 

O bestiário esquerdista nasceu de uma decepção, a decepção decorrente de um tempo e de um sentido da vida imutáveis. O bestiário não aceita a realidade efectiva baseada em normas biológicas e físicas intransponíveis e inultrapassáveis, prefere um mundo alternativo, onde tudo lhes é permitido sempre que os resultados não sejam os pretendidos. Mas esse mundo alternativo, no qual têm algum poder de acção, é um fogo-fátuo, é irreal, e provém dos mais altos abismos infernais.

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