Avançar para o conteúdo principal

O bestiário esquerdista - a justiça social

 A justiça social é hoje no dizer do bestiário esquerdista algo de impalpável, incerto, incompreensível numa mente sã alinhada com o realismo filosófico.

Os defensores da dita "justiça social", e das chamadas «políticas identitárias e interseccionadas», querem fazer crer que vivemos em sociedades, ipso facto, racistas, sexistas, homofóbicas [termo incorrecto e impreciso..] e transfóbicas. Sugerem, por outro lado, que todos estes termos estão correlacionados e interligados. Se a sociedade e os indivíduos em geral, conseguirem apreender e ver através destes temas a teia tecida e desenredá-la, então as opressões ligadas destes nossos tempos farão emergir uma "nova ordem social" e algo de novo acontecerá. Mas que nova ordem será essa? E o que acontecerá? Talvez a justiça social seja um estado pensado pelo bestiário esquerdista para permanecer, mas, onde e de que modo? Eliminando os ditos "istas e fóbicos" da sociedade?


Asneirolas à parte, as opressões interligadas não encaixam com suavidade, de modo subtil, esfregam-se umas nas outras de modo ruidoso e desagradável. Produzem continuamente fricções, em vez de as diminuir, aumentando a loucura das multidões em vez de produzirem paz de espírito. Para além de truncarem termos e significados, e, na ânsia de alimentar o bestiário associado a tais ideias imperfeitas e erradas (claro que existem racistas, sexistas, etc, mas de modo algum como o bestiário pretende), continuamente mais não fazem do que amplificar conceitos errados e obliterar toda a verdade subjacente a tais campos.

Tomar como causa universal o flagelo das mulheres, dos gays, trans, de pessoas de origens raciais diversas tornou-se não apenas uma forma de "demonstração de compaixão", mas também uma forma de "moralidade". Deste modo pratica-se a "Nova Religião", «Lutar» por estas questões e exaltar a sua causa é hoje sinónimo de se demonstrar que se é boa pessoa. As más são aquelas que não lutam por elas.

O facto de as pessoas quererem viver as suas vidas do modo que lhes aprouver nada tem de perturbador, mas é perturbante todo este paternalismo acéfalo em volta destas questões. Querer reconhecimento público e fazer dos modos de vida gay, feminista, trans e outros virtude pública é NOJENTO. Cada um que faça o que quiser da sua vida, mas em privado, sem chatear ninguém. Porque tenho eu de reconhecer direitos (mas, que direitos?) a todos os que praticam um estilo de vida não conforme aos ideias civilizacionais? Porque tenho eu de admitir, à força, que os mesmos são discriminados e não têm as mesmas oportunidades que a restante população? Discriminados? Onde e como?

Esta nova "metafísica dos costumes" que quase que quer obrigar as pessoas a aceitar "certezas" de coisas que não sabemos e a menosprezar a relativizar as coisas que, de facto, sabemos é uma das características do bestiário esquerdista. Os princípios de que toda a gente pode tornar-se gay, as mulheres podem ser irremediavelmente melhores que os homens, as pessoas podem tornar-se brancas mas não negras e toda a gente pode mudar de sexo. Quem não alinhar nisto de boa vontade, É UM OPRESSOR. 

Obviamente que existem aqui demasiadas contradições e confusões para durar pela eternidade. Não somente em determinados pontos mas também desde os seus princípios fundamentais. Que alternativa restará aos homens ou mulheres, gays ou heterossexuais, com os ditames do bestiário que pretendem atribuir às crianças géneros diferentes dos que lhes foram atribuídos à nascença? Porque razão uma jovem com características de maria-rapaz deve ser vista como uma transexual preparada para a operação? Porque motivo um rapazinho que gosta de se vestir como uma princesa tem de ser um transexual em potência? Os próprios estudos psicológicos demonstram que cerca de 80% das crianças diagnosticadas com aquilo que se chama agora de "disforia de género" [termo do bestiário], verão este problema resolvido e ultrapassado ao atingir a puberdade. Mas os puristas do bestiário tentam camuflar esses estudos.

Contrariamente ao que afirmam os tolinhos da justiça social, estas categorias não interagem muito bem umas com as outras. A matriz opressiva não é como um jogo de sudoku à espera que os cientistas sociais os consigam alinhar. Consiste num conjunto de exigências que não funcionam em conjunto, e nem sequer ao ritmo que lhe tentam impor.

Um exemplo da tolice mascarada de justiça social: em 2008 a revista americana Advocate fazia campanha contra a Proposta 8, que revogaria a possibilidade do casamento gay na Califórnia. Na sua insânia, por continuar a fazer campanha pelo casamento entre pessoas do mesmo sexo e pela insistência em chamar-lhe «casamento», porque é outra coisa e não «casamento», a capa da tal revista dizia, em novembro de 2008: «Gay is the New Black». A afirmação não caiu nada bem entre os negros americanos. Tal como o subtítulo da capa: «A Última Grande Luta dos Direitos Civis». Nem tão pouco a escapatória jornalística que acompanhava o artigo, nem sequer o ponto de interrogação depois das considerações, acalmou os ânimos e as críticas. Tal como dizia um conhecido negro americano, o argumento «gay é o novo negro» foi ofensivo - entre muitas outras coisas listadas - «pela total desconexão entre o impropriamente chamado casamento entre pessoas do mesmo sexo e as leis antimiscigenação». 

Mesmo que depois tentem amaciar este tipo de declarações com comparações absurdas, as controvérsias e os conflitos são inevitáveis. Aconteceu nessa altura e voltará a acontecer, sempre. Outro caso que ilustra melhor o que pretendo aqui expor: o boletim de filosofia feminina, Hypatia, publicou um artigo de uma académica, de seu nome Rebecca Tuvel, que levantou uma questão muito interessante. Comparando o tratamento dado a Rachel Dolezal com o tratamento dado a Caytlin Jenner, ela perguntou se, como «aceitamos a decisão dos indivíduos transgénero de mudar de sexo, também devemos aceitar as decisões dos indivíduos trans-raciais de mudar de raça. Este argumento não caiu bem, o caso não era para menos, porque essencialmente, como se pode mudar de raça?? Logicamente Tuvel tinha razão e, de modo assertivo, concluía que se as pessoas podem mudar de sexo porque não mudar de raça? Claro que Tuvel sabia na perfeição que a mudança de raça era impossível, quando muito, poder-se-ia renegar as origens, mas nada mais do que isso. Os impropérios do bestiário não se fizeram esperar; activistas negros, entre outros camelos, mobilizaram-se contra o artigo, organizaram uma petição contra Tuvel, assinaram uma carta aberta e um dos editores-adjuntos do Hypatia encontrava-se entre os denunciantes. A publicação foi acusada de permitir que «académicos brancos» participassem em discussões que extravasavam as suas competências e incentivavam à transfobia e ao racismo.

Estes dois exemplos servem na perfeição para percebermos as tolices, o grau de insanidade e as contradições daí resultantes. O bestiário esquerdista é pródigo neste tipo de confusões mentais, mas, como todos os meios justificam os fins, tudo é válido.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

O marquês de Pombal, o analfabetismo, o atentado a D. José e a fraude pandémica

O atraso de Portugal, quer a nível económico, quer a nível social ou a nível cultural, começa em meados do século XVIII. Passada a fase de grande prosperidade com D. João V e a chegada ao poder de D. José I, a liberdade e a alfabetização de Portugal sofreram um grande retrocesso. Esta tendência "suicida" de destruir o bom que já vinha de trás é paradigmática do processo de involução que este país tem vindo a sofrer desde há pelo menos 300 anos. A fase de fraude pandémica é apenas o corolário lógico de um acumular de farsas e mentiras. Quando os factos são conhecidos, não há surpresa quanto ao atraso de Portugal relativamente à Europa civilizada.  O nosso atraso nada tem a ver com a religião católica como de modo totalmente leviano e com uma boa dose de ignorância se afirma nos livros de história, tese partilhada e difundida por muitos historiadores. O nosso atraso começa com um dos maiores crápulas da nossa história, precisamente, o marquês de Pombal. Afirmar que os país...

O mundo ao contrário - a doidocracia

 Eu confesso que começam a faltar-me adjectivos para qualificar o que se vai vendo um pouco por todo o lado. Então não é que a "bêbeda" da Jill Biden afirmou que não ler livros pornográficos gays que já se encontram disponíveis em bibliotecas de algumas escolas primárias dos EUA é o mesmo que viver na Alemanha Nazi...!!! A notícia pode ser lida  aqui.  Como qualificar/classificar uma coisa destas?? Outra notícia de bradar aos céus  é esta que podemos ler aqui  que afirma textualmente que os emigrantes são responsáveis por 100% dos crimes sexuais cometidos na região de Frankfurt, o que corresponde a 57,4% de todos os crimes graves cometidos na região, só porque, pasme-se não se pode falar mal da emigração ilegal!! Para onde estes políticos filhos da puta estão a levar o mundo! Isto só vai endireitar a tiro, mas de canhão. Preparemo-nos para a guerra civil intra-europeia que se aproxima a passos largos!! Agora mais  uma notícia das boas, para rir até chorar ,...

A ambiguidade do termo racismo

 Segundo a Grande Enciclopédia Universal (vol. 16, p. 11025), o termo racismo apenas se popularizou como neologismo com a obra de J. A. Gobineau, editada em 1853 e intitulada "Sur L´inégalité des races humaines", que serviria de ponto de partida e de aprofundamento do tema de outro livro, considerado o clássico dos livros ditos racistas, "Die Grundlagen des neuzehnten Jarhunderts", escrito pelo germanizado H. S. Chamberlain. Esta obra serviu mais tarde para postular as posições racistas e de raça superior do Terceiro Reich. Não obstante, e no caso português, o termo apenas se generaliza nos dicionários a partir da década de 1960. Antes dessa época são muito poucos, escassos mesmo, os dicionários que incluem o termo. O termo é definido como: «Exacerbação do sentido racial de um grupo étnico», ou seja, a celebração da raça ou o culto da raça, enquanto entidade geradora de sentimentos fortes de pertença a uma comunidade de indivíduos unidos por laços de sangue e por um...